Descobertas da juventude.(por johnny nihil em 24/05/2023)

 

A adolescência sempre é uma fase da vida de descobertas, de novos sentimentos que vão aflorando que numa tempestade de sensações que muitas vezes demoremos para compreender e entender o que isso pode nos afetar na nossa vida atual e posterior.

Na minha adolescência no subúrbio do RJ afetado diretamente por todas as condições sociais de miséria material e cultural, numa família de 11 pessoas , no qual a grande responsável por alimentar todos era minha mãe , a miséria da cultura de massa também era presente, as músicas e as pessoas no meio de cidade caótica como Rio de janeiro , não estão preocupados em sua maioria em buscar cultura , entender problemas sociais políticos ou existenciais, la a maioria está entre buscar a salvação ou buscar o prazer desenfreado, para aplacar o sofrimento são os caminhos mais fáceis.

O que rompeu minha visão de mundo limitado vou me aproximação com o rock( no meu caso e do meu irmão ratinho também, mas aqui focar mais nas minha experiencias e sentimentos , pois mesmo passando por processos similares, cada qual sente e sente diferente no momento da sensação e não cabe aqui falar do sentimento do outro), as letras e a musicalidade me capturaram. As bandas da década de 1980 falavam muitas coisas, umas apenas banalidade, mas outras já apontavam para questões sociais, poéticas e existenciais. Foram essas que nos chamaram atenção.

Eu me lembro bem as idas no Marã tênis clube, um clube que no final da década de 80 tocava músicas de rock nacional e internacional, e que ainda tinha uma força na mídia burguesa em rádios e programas de tv. Era um local de encontro de jovens (meninos e meninas) que curtem um rock nem tão agressivo e nem tão ameno, que ia muitas vezes nesse clube porque haviam muitas meninas para flertar, outros nem tanto por falta de grana, iam para curtir a música e dançar. No meu caso era mais a segunda opção, pois ia muitas vezes com o dinheiro da passagem e da entrada, dançava insanamente, se jogava no chão e nas paredes, e depois de suar muito ia matar a sede na torneira do banheiro. Ali já me sentia um estranho no ninho. Não que não houvesse um interesse de achar alguém para namorar ou mesmo só dar uns beijos.  Só que parecia que todas as aquelas letras e guitarras afetavam diretamente o despertar de minha revolta.

Ouvia legião urbana, titãs, engenheiros do Havaí, camisa de vênus, ira , Picasso falsos, hojerizah, barão vermelho, capital inicial, plebe rude etc...muitas letras de muita músicas dessas e de outras bandas falavam sobre questões sociais e existenciais e me fizeram começar a refletir sobre meu lugar no mundo. Sobre as relações de amizade, sobre a desigualdade social, sobre a morte, sobre a igreja, a polícia, sobre o país , sobre o amor e ódio, mas tudo isso não era apenas uma visão como eu estivesse de fora, eu(sofríamos) sofria diretamente com todos esses males.

As amizades que iam e viam, a fome, a repressão policial, a busca vazia por uma saída na religião, a corrupção no brasil, a morte que está presente e próximo a mim nas periferias e favelas que eu vivia e convivia.

O rock nacional e internacional foi a trilha que de alguma forma me encaminhou para conhecer o punk, porque me despertou para uma realidade que mesmo vivendo não entendia, como se caísse o vel de maia, ou saísse da caverna de Platão, mas não adiantou voltar e explicar o que tinha visto fora da caverna, pois ninguém queria acreditar.

Num momento da vida que tudo é intenso, você busca algo intenso, “eu era um bom menino. Mas um dia se cansei de ser dominado. De tanta pressão. Eu decidi eu não vou ficar parado” , e me revoltei com aquilo tudo , ainda não entendi perfeitamente o que acontecia comigo.

Aonde morava todos me viam como “esse bom menino”, até o dia que me viram tomar uma 51 no bico e me perguntaram “esse é o Afonso que conhecia?”. Desperta pela revolta não é uma coisa indolor, muitas dores senti ao começar a refletir sobre as coisas e o mundo, as primeiras vezes que você sente essa dor são tantas interrogações e quase nenhuma resposta.

Mas isso é importante para no futuro refletir sobre o jovem que você foi “pois temos todo tempo do mundo” para perceber que apesar das diferenças geracionais os jovens sofrem mais menos as mesmas angustias do passado. E você, pode ser apenas um velho chato que esqueceu o que você passou na sua juventude.

 

Comentários

  1. Nos somos último fio resistência contra esta sociedade no qual fez nascer minha revolta contra este falso moralismo desta sociedade

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  2. Vemos que está sociedade continua mas hipócrita só nunca os mesmo sentimentos de posse adulando todo este capitalismo exploratória buscando deixa mas competitivo

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  3. Viva nossa resistência pelo postura e realmente valor a cultura que nos damos

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